domingo, 21 de setembro de 2014

Palavras Finais - parte 2

A Organização
Em termos de estrutura nunca vi nada igual. Uma prova de nível profissional. Desde a cronometragem, as largadas em  comboio, o transporte de mochilas e malas, os batedores de moto, os carros de apoio da Mavic,  as ambulâncias e os médicos de moto. Os diversos profissionais utilizados nesse prova são os mesmos que fazem esse tipo de apoio no Tour de France. São profissionais experientes e também conhecedores da região, pois basicamente fizemos os trechos dos Pirineus que o pessoal do Tour de France faz.

As Montanhas
Passamos por montanhas místicas que são percurso oficial do Tour de France há mais de 50 anos. Dá pra sentir a energia que têm esses lugares. O chão é todo escrito com palavras de incentivo dos torcedores. Há sempre muitos ciclistas fazendo o percurso, em grupos ou sozinhos. Porém todos parecem extasiados por estarem fazendo aquele percurso. Assim como turistas sem bicicleta incentivando os ciclistas. Não tem como não sentir nada especial nesses lugares como o Tourmalet, Soulor, Aubisque,  entre outros.

Cabeça e Corpo
É impressionante como nosso corpo é resistente e tem muita força. Se você treinou o corpo responde. E durante a prova o corpo vai ficando mais forte. O corpo tem uma lógica de funcionamento muito cartesiana. É simplesmente se alimentar, se hidratar, se alongar e descansar que o corpo não vai negar fogo. Já a cabeça não segue uma lógica linear. Funciona por tentativa e erro. Voa e se distrai. Fica ora eufórica, ora deprimida, oscilando entre os extremos numa velocidade muito grande. O meu truque para mantê-la serena foi controlar a respiração. Mantê-la ritmada e mais funda possível. Concentrando se somente no pedal. Conversando comigo mesmo me incentivando em voz alta, e também com a Gretchen e com o Taiki.
Entendi perfeitamente quando se diz que essas provas de endurance se ganha com a cabeça.

As Pessoas
Há uma cumplicidade e solidariedade entre os competidores que antes de competir com alguém estão lá competindo consigo mesmo. É uma competição onde se busca o menor tempo, mas claramente não é a qualquer custo. Há sempre um certo companheirismo seja no meu grupo mais lento como nos grupos de ponta.

As Cidades
São pequenas vilas, francesas em sua maioria. Vilas de montanha perto de estações de esqui. Tem alguma estrutura mas são apenas vilas pacatas na sua essência, ainda mais fora da alta temporada. Algumas delas deu vontade de voltar com mais calma. Gostei muito das cidades. São acolhedoras e aconchegantes.

O Sofrimento
Muito ouço dizer e ser perguntado sobre sofrimento no pedal. Não sofri. Pra mim a definição de sofrimento é outra. Sofrer é ver meu filho doente, vê-lo sentir dor, etc. Sofrer pra mim tem a ver com impotência, situações em que você gostaria de fazer alguma coisa mas é incapaz. Ou seja, não tem nada a ver com pedalar.
Senti dor, cansaço físico e mental, senti muito calor e muito frio quase que alternadamente e em sequência, senti medo, senti muita coisa. Mas não sofri em momento algum. Muito pelo contrário, senti uma plenitude muito grande, uma sensação de realização, de prazer, de êxtase, de integração com a natureza, de paz. Foi uma felicidade indescritível.

Agradecimentos
Obrigado novamente a todas as pessoas que já agradeci.

Obrigado pela torcida e o pensamento positivo das pessoas que ainda não agradeci. E agradeço de forma diferenciada ao Luís Sequeira que foi meu guru ciclistico e meu porto seguro ao final de cada dia pedal. O Luís me deu paz, tranquilidade e confiança para eu perseguir meus objetivos. Obrigado Luís.

Agradeço ainda aos organizadores e pessoal de apoio do Haute Route. Foram profissionais exemplares que eram tecnicamente impecáveis e tinham uma boa vontade e simpatia impressionantes. Eles claramente estavam fazendo o que amam. Tenho certeza disso. Muito obrigado. E finalmente obrigado especial a Gaelle que cuidou diariamente das minhas dores musculares com muita simpatia e técnica.

Despedida
Uma experiência como a que vivi não acaba nunca. É uma coisa que vai ficar para a vida toda. O aprendizado e as sensações que tive e as que ainda vou descobrir que tive, tenho certeza que são coisas pra uma vida. Mas, tudo tem um fim. E o propósito desse blog acho que foi mais do que cumprido.

Mais uma vez obrigado a todos que receberam a realização de um sonho meu de braços abertos e de um jeito ou de outro também fizeram parte dele.

Até a próxima aventura...

Em Argeles-Gazost, final do 4o dia

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Palavras Finais - parte 1

As notas diárias anteriores foram sempre escritas na emoção com o corpo e a mente cansados. Mas foram legais que tem mais sentimento e menos ponderação.
Porém tem algumas coisas que deixei passar ou passei superficialmente mas que não poderia deixar passar em branco.

O Clima
Um dos meus maiores temores não aconteceu. Fomos priveligiados com um clima fantástico que nos propiciou um pedal fantástico visões inesquecíveis e indescritíveis de lugares por onde passamos. Ouvi de um experiente técnico que acompanhava uma equipe que nunca vira um horizonte tão limpo no topo do Tourmalet no dia da prova contra o relógio. As manhãs eram bem frias para o padrão brasileiro com temperaturas pouco abaixo dos 10 graus, e com picos ao longo do dia em torno dos 30 graus. E nenhuma gota de chuva. Só para se ter uma idéia do timing perfeito, na cerimônia de encerramento caia uma tempestade com relâmpagos, trovões e muito vento.

Problemas Mecânicos
Tive dois problemas mecânicos que poderiam ter sido gravíssimos mas que ao final não me consumiram mais do que alguns poucos minutos de corrida e alguma preocupação a mais. O primeiro aconteceu no segundo dia logo no início da subida mais forte. Senti meu pedal travar numa parte bem íngreme da subida. Quase caí mas consegui girar um pouco o pedal para poder desclipar. Parei e respirei fundo pra entender o que estava acontecendo. Tirei a roda de trás e coloquei de novo e ela voltou a girar. Segui a prova, mas algum tempo depois a acontece de novo fiz o mesmo procedimento e segui sem saber muito bem o que tinha acontecido. E aí vi o que aconteceu. O passador traseiro empenou um pouco e estava raspando no raio da roda. Problema que me foi rondando o resto daquele dia. Até o Luis, meu companheiro de quarto, com seus anos e anos de experiência, bater o olho e ver qual era o problema. Ele desempenou na mão e regulou o meu passador traseiro. Além de lubrificar a corrente. Mas tive muita sorte pois depois aprendi que existe uma peça que se chama gancheira e que funciona como um fusível para não danificar o quadro nem o passador. É uma peça muito específica por modelo e ano da bicicleta. Ou seja, se ela quebra eu ia ficar sem bicicleta.
O segundo problema foi no 6o dia. Estava na descida mais de 60km/h quando a minha roda traseira endureceu como se tivesse freiando forte, quase travando a roda. Consegui controlar e parar a bicicleta. Logo achei que tinha furado o pneu, mas não tinha passado por nenhum buraco nem tinha ouvido a câmara explodir. Desse vez o pedal estava livre mas a roda não girava. Mas meu pneu estava com um sulco bem no meio em toda a sua banda de rodagem. Mexendo e observando encontro uma pedrinha que se alojou entre o pneu e a pinça do freio. Criando um freio de pedra e cortando o meu pneu. Sorte que eu parei antes que a pedra comesse toda a banda de rodagem, rasgando meu pneu. E até o final desse dia ainda aconteceu mais uma vez. Mas olha como são as ironias da vida. Estava com um pneu de 25 mm atrás para me dar mais estabilidade nas descidas mas como é maior o espaço entre o pneu e o freio é menor. Ou seja, o que era pra me proteger quase gera acidente.

O Luis Sequeira
Eu não podia ter tido um companheiro de quarto melhor. Na verdade ganhei um técnico, um mecânico, um psicólogo e um amigo. O Luis foi ciclista profissional por mais de 10 anos. O cara mais tranquilo e organizado que conheci até hoje. Me ajudou técnica e psicologicamente. Me tranquilizou durante os momentos que passamos juntos antes de dormir, ao tomar café,  ou passeando pela cidade, pois durante o pedal o Luis sempre chegava em menos da metade do meu tempo...ou seja mais do que o dobro da minha velocidade!!! Fiz muitas perguntas de técnicas de pedal, de mecânica, de estratégia, de comida, de hidratação, de equipamentos,  entre outras que ele sempre me respondeu com muito prazer e muita calma. Valeu Luís. Espero poder retribuir e vê-lo em breve.

Passeando em Biarritz

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A Ressaca

Ontem foi a festa de e encerramento e até bebi bastante pro meu padrão dos últimos tempos. Mas a ressaca não é com certeza culpa dos 3 chopps de ontem.

Escrevendo ao acordar no dia seguinte,  as sensações já vão mudando. A sensação de realização vai passando e vai ficando uma sensação de deslocamento, de estar perdido no tempo e no espaço.

O corpo e a cabeça se acostumaram com aquela imersão numa realidade do mundo paralelo. Uma certa sensação de inutilidade....algo do tipo.."qual a montanha pra subir hoje? qual a inclinação? que batimento vou fazer? em que cadência?". E a resposta é "nenhuma".

Até ontem por onde você passava pedalando as pessoas gritavam palavras de força e te aplaudiam. Voluntários,  pessoal da organização e o pessoal comum da rua. Por onde passávamos os cruzamentos se fechavam automaticamente com batedores, guardas de trânsito ou moradores voluntários organizando a passagem dos ciclistas.

E hoje sou apenas um ciclista a mais na rua...ou melhor, apenas mais um pedestre.

Ao menos vou sair para pedalar e conhecer para conhecer a cidade.

Que ressaca...

Em Anglet do quarto do hotel

domingo, 7 de setembro de 2014

Dia 7 - Missão Cumprida



Key features of Stage 7:
• Depart from Saint-Jean-Pied-de-Port on Sunday 7th September
• Arrive in Anglet Basque Coast in the middle of the aternoon
• 115km, including 74km that will be timed
• 1800 metres of elevation gain / 1900 metres of descent
• 3 refreshment points along the route

Ascents of the day:
• Col d’Ispéguy, 672m altitude, 509 metres altitude gain over 8km
• Col d’Oxtxondo, 602m altitude, 352 metres altitude gain over 8.5km
• Col d’Ibardin, 317m altitude, 327 metres altitude gain over 6km

Pyrenees SEVEN

The final day sees you riding through Navarre and the French Basque Country, returning to Spain for the last 115km of this week long a venture.

Although the mountains are not very high the challenge is no less difficult. After Saint-Etienne-de-Baïgori you will climb 8km at a 6% average up to the 672m Col d’Ispéguy where you cross into Spain and ride downhill before the short climb of Col d’Oxtxondo gaining 352m in altitude over 8.5km.

A short passage takes you through France again near Sare before you head back into Iberian territory via Vera de Bidaoa to finish your journey via Col d’Ibardin, a 6km ascent to 317m. From here the timer stops and the last 30km will be in convoy to your final destination. Anglet on the French Basque Coast and the Atlantic Ocean.

Pyrenees 2014 Stage SEVEN

Ontem forcei muito e hoje acordei sem saber se ia pedalar com dor desde o começo ou  não.  Subi na Gretchen e nada de dor.

Hoje foi um dia relativamente curto. Mas forcei bem. Caiu um anjo do céu que resolveu me dar uma força. Tem um trecho longo, uns 40km, de planos e subidas curtas. O anjo, chamado Matt, me falou... "fica na minha roda que vou te levar até o pé do morro". O cara pedala pra caramba e pra me manter na roda era um enorme sacrifício. E fomos assim uns 30km. Passamos por muita gente, mas ninguém conseguiu pegar a nossa roda.

Chegando na última montanha o Matt resolveu que ia "puxar" minha subida. E assim fui forçando e passando várias pessoas na subida. Fui subindo o batimento e me mantive em 165 até terminar o último km acima de 170. A dor era tanta que fiquei um tempo preso na Gretchen sem ter forças para desclipar o meu pé esquerdo.

Foi fantastica a sensação de terminar dando tudo. A sensação de ter cumprido um objetivo que me preparei tanto para atingir. Uma preparação que mudou a minha vida nos últimos 10 meses. Na verdade ainda não caiu muito bem a ficha. Por ora to achando bom que amanhã não preciso pedalar por horas a fio preocupado com o tempo. Ainda não tenho conclusões mais elaboradas mas o que posso dizer é que tendo vontade e dedicação à gente consegue quase tudo. Pelo menos tudo que depende só de você mesmo.


sábado, 6 de setembro de 2014

Dia 6 - Sacrifício



Key features of Stage 6:
• Depart from Argelès-Gazost on Saturday 6th September
• Arrive in Saint-Jean-Pied-de-Port, from the beginning of the aternoon
• 150km, including 137km that will be timed
• 3350 metres of elevation gain / 3600 metres of descent
• 5 refreshment points along the route

Ascents of the day:
• Col du Soulor, 1474m altitude, 967 metres altitude gain over 18.5km
• Col d’Aubisque, 1709m altitude, 240 metres altitude gain over 10km
• Col de Marie-Blanque, 1035m altitude, 577 metres altitude gain over 11.5km
• Col d’Ahusquy, 1078m altitude, 833 metres altitude gain over 14.5km

Pyrenees SIX

A 150km marathon stage from Argelès-Gazost where you will immediately tackle Col du Soulor at 1,474m starting with a 4km ascent at 7%, an 8km plateau then a 7km climb of 8-11% to the peak. The Cirque du Litor leads you 10km across an incredible ridge to the summit of Col d’Aubisque at 1,709m. Although it is wide and risky, enjoy the descent down to Gourette. From Louvie Jouzon is a 3km climb of 8-9% which eases with the next 7km to Col de Marie-Blanque, a 300m vertical drop in a beautiful forest setting. The west side descent has a reputation so take care.

Recover through the Soule and don’t be fooled by the 4.5% average up to Col d’Ahusquy at 1,078m - the first kilometre of this is 11%, however it softens for the final stretch through the Irati Forest. Descend towards Mendive and onwards to finish in Saint-Jean-Pied-de-Port in Basque Country. The end of your Pyrenean adventure is in sight.

Pyrenees 2014 Stage SIX

Hoje foi sem dúvida o dia mais difícil. Foi o dia do sacrifício. Forcei pra acompanhar um pelotão mais forte que eu. O dia estava muito quente e sem vento. As subidas muito íngremes e longas trechos de 10km a 12% sem nenhum alívio. E no finalzinho, trechos de 12% só pra matar. Fiz a menos de 5km/h.

Fiz os últimos km chorando de dor, cansaço, calor e emoção. 

Engraçado que falei ontem sobre sair da zona de conforto. E ontem fiz isso de uma forma planejada e organizada. Estratégia montada e partindo pro ataque. Pois é mas tem vezes que a vida te te chama pra sair da zona de conforto. E não te dá muito tempo pra decidir. Não tive dúvida caí dentro. Fui pro sacrifício e valeu a pena. A perna nem tá doendo mais. 

Mas teve uma hora pensei em pedir pra entrar na ambulância que estava socorrendo um cara desidratado. Aí pensei rápido, vou falar que tá doendo a minha perna e preciso de socorro? De jeito nenhum,  só entro em ambulância desmaiado ou acidentado. E segui adiante...

Pai, espero que esteja se divertindo com minhas aventuras. Parabéns pelo dia de hoje. 

To indo dormir. Boa noite.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Dia 5 - Zona de Conforto



Key features of Stage 5:
• Depart from Luz Saint Sauveur on Friday 5th September
• Arrive at the top of Tourmalet
• 18.5km
• 1500 metres of elevation gain
• 1 refreshment point along the route

Ascent of the day:
• Col du Tourmalet, 2117m altitude, 1500 metres altitude gain over 18.5km

Pyrenees FIVE

Only 18.5km today but it’s up the Col du Tourmalet again, this time on the western side and against the clock.

Warm up on the road to the Cirque de Gavarnie from Luz-Saint-Sauveur which is quiet and flat.

The first third of the climb to Barèges seems pretty easy with an average gradient of 7%, however this is followed by a tough 9km not dipping below 8-9% to the summit on rough roads and with views of the top obstructed by rocks. Save some energy for the last kilometre which hits 10.5% before you can rejoice at the top having climbed the col for the second time in 24 hours.

Pyrenees 2014 Stage FIVE

Hoje foi o dia de "descanso". Mas "a gente só evolui quando sai da zona de conforto" disse meu companheiro de quarto, ex-ciclista profissional e agora meu amigo e meu técnico internacional, o português Luis Sequeira.

E a partir dessa conversa decidi colocar uma meta de tempo pra prova. E montamos uma estratégia para batê-la. A meta era 2h levando a frequência cardíaca pra cerca de 10 bpm acima do que vinha trabalhando.

Foi duro, foi bem puxado mas é incrível como quando a gente vai além parece é uma nova porta de energia que você abre que nem sabia que existia. A força vem é uma questão de puxar. O Raul já tinha me dito isso, mas foi a primeira vez que fiz isso numa prova.

Aproveitei para comer bem e tentar fazer as coisas com mais calma que o usual. Só de não ter trocado de cidade e não ter que fechar a mala foi um ótimo descanso. Mas hoje já tive que fechar a mala pois amanhã é pauleira brava de novo.

Vou dormir. Valeu pela torcida. Até amanhã. 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Dia 4 - Tourmalet



Key features of Stage 4:
Depart from Bagnères-de-Luchon morning of Thursday, 4th September
Arrive in Argelès -Gazost in the afternoon
120km, 3 ascents
3,800m total ascent, 3,900m total descent
4 refreshment points along the route

Ascents of the day:
Ascent to Col de Peyresourde, 1569m altitude, 900m of altitude gain over 15km
Ascent to Col de Hourquette d’Ancizan, 1564m altitude, 700m of altitude gain over 11km
Ascent of Col du Tourmalet, 2117m altitude, 1270m of altitude gain over 17km

Pyrenees FOUR

Just out of Bagnères-de-Luchon you face a 900m climb over 15km with the last hairpin bends reaching up to 8-9% gradient until you reach Col de Peyresourde at 1,569m.

From here is a gentle descent to Arreau and a long stretch through the Aure valley arriving at the foot of the picturesque Hourquette d’Ancizan where a steep start takes you up 11km at an 8% average through the woods to 1,564m. Look out for cows on the road!

The descent to Sainte-Marie-de-Campan brings you to the foot of the notorious Col du Tourmalet standing at 2,117m. A relentless 1,270m climb over 17km to Gripp is just the beginning before traversing the resort of La Mongie with 9-10% gradient over 4km. A narrow causeway rising to 8-9% finally brings you to the summit.

The descent is long, steep and fast with some rough surfaces - continue downhill and on the flat via Barèges ski resort to the finish in Argelès-Gazost.

Pyrenees 2014 Stage FOUR

Um dia inesquecível. O dia mais duro até hoje. O dia que quase fiquei fora do limite de corte.

Como hoje era o dia mais pesado em termos de altimetria. Decidi pegar mais leve nas duas primeiras montanhas já que a última montanha do dia era o sonhado e temido Tourmalet. Conhecido como a montanha das tormentas. Montanha cruel que começa com 4% de inclinação e vai chegando ao pico em torno de 12% ao longo de 20km sem nenhum refresco. 

Mas eu subi. Subi num ritmo mais forte para recuperar o tempo que perdi nas primeiras montanhas.

Tive que respirar fundo. Falar muito comigo, com a Gretchen e com meu filho pra não perder para o Tourmalet. É uma prova de resistência, força e paciência. Venci.

Ao final do dia fiquei mais de 1h dentro do limite de corte. Mais um dia pra conta. Hoje estou cansado. Amanhã tem mais. Vamos escalar o Tourmalet por onde descemos. Amanhã será uma etapa curta mais intensa. 

Boa noite. Valeu.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Dia 3 - Sonho ou Pesadelo?


Key features of Stage 3:
Depart from Ax les Thermes early on Wednesday 3rd September
Arrive in Bagnères-de-Luchon in the beginning of the afternoon
160km, including 115km that will be timed
2700 meters of elevation gain / 2800m of descent
4 refreshment points along the route

Ascents of the day:
Col de Port, 1250m altitude, 450m of altitude gain over 8km
Ascent of Portet d’Aspet, 1070m altitude, 397m of altitude gain over 6km
Ascent to Menté, 1349m altitude, 449m of altitude gain over 6km

Pyrenees THREE

Leave Ax les Thermes before the timing starts at the foot of Col de Port, head through the Ariège valley and Couserans which are regular with 10k stretches at less than 6% average.
The 18km to Portet d’Aspet is a gentle 3% average gradient which becomes gradually steeper and rises to 10% in the last 2km after the village of Saint-Lary. Take great care on the descent which is very fast with sharp bends.
A fast ride through the Ger de Boutx valley takes you to the base of Col de Menté where the climb is set amongst fir trees on a 7km regular slope with 8% average. Again take care on the fast descent with its deceptively tight turns.
Coast along to Saint-Béat and onwards for 15km on the flat to Bagnères-de-Luchon where you can recover in anticipation of tomorrow’s challenging stage.

Pyrenees 2014 Stage THREE

Hoje foi o dia mais longo. Mas achei menos difícil que ontem. As montanhas eram menos íngremes e menos agressivas (não era uma subida contínua). Nem acreditei nas força de minhas pernas. Parece que ficaram mais fortes. Não sei se psicológico ou hormonal, mas achei que ficaram.
Eu me senti muito feliz pedalando hoje. Visual inacreditável. Apesar de ter acordado as 5h e pedalado mais de 160km com quase 3000m de altimetria, não me senti tão cansado como esses números podem dizer.
Novamente consegui andar em pelotão revezando nas partes mais planas.

Consegui manter meu batimento bem controlado...tipo devagar e sempre. Mas consegui cumprir meu objetivo com folga, cerca de 1.30h dentro do tempo.

Tive problemas com a Internet hoje de novo. Só estou conseguindo finalizar agora que já está na hora de dormir...serei mais breve...

Enfim tive hoje um dia maravilhoso. Um dia de sonho...

Amanhã será o dia mais duro de montanha...quase 4000m de altimetria finalizando com o Col du Tourmalet...

Obrigado pela torcida...tá funcionando.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Dia 2 - De corpo e alma

Key features of Stage 2:
• Depart from Font-Romeu on Tuesday 2nd September
• Arrive in Ax 3 Domaines in the beginning of the afternoon
• 120km to cover, including 120km that will be timed
• 3000 metres of elevation gain / 3300 metres of descent
• 3 refreshment points along the route

Ascents of the day:
• Col des Moulis, 1099m altitude, 154 metres altitude gain over 2.6km
• Col du Garabeil, 1262m altitude, 222 metres altitude gain over 3.8km
• Col du Port de Pailhères, 2001m altitude, 1207 metres altitude gain over 14.9km
• Ascent to Ax 3 Domaines, 1378m altitude, 670 metres altitude gain over 8.4km


Pyrenees TWO


A gentle warm up with lots of downhill in the first few kilometres out of Font-Romeu takes you through a magnificent landscape before the short 3km ascent to Col des Moulis followed by a longer 10km climb at 6% average up to the top of Col du Garabeil at 1,262m.

From the Pyrenees Orientales to Ariège you will arrive at the base of the massive Port de Pailhères standing at 2,001m. The slopes are rough with 8% average over 15km from Usson-les-Bains with little respite and steep sections reaching 11-12%, the last 3km are particularly tough with possible head winds near the top.

Enjoy the incredible panorama before the tortuous descent to Ax les Thermes at the foot of the final climb. With 110km under your wheels you will need plenty of energy to tackle the 8km slopes which average 8.5% taking you up to the 1,378m altitude finish at Ax 3 Domaines.

Pyrenees 2014 Stage TWO

Ontem já dormi melhor. A preparação dos equipamentos pro dia já foi melhor. Ah...nao contei do meu companheiro de quarto. Um simpático e calado português de Lisboa, Luiz Sequeira. Muito legal o Luiz, ele é o cara mais organizado que conheci até hoje. E de quebra o cara foi ciclista profissional. Ou seja, tô aprendendo muito com ele.

O dia começou bem cedo hoje com café da manhã as 6h. Muitas descidas muito longas e rápidas. Nas partes planas consegui andar mais em pelotão, o que ajudou bastante a manter o batimento mais linear e controlado. Mas o duro mesmo foram as subidas. Óbvio né.

Hoje o dia foi mais duro que ontem com uma montanha com subidas sem refresco com média acima de 10% e picos de quase 20%. E pra completar, rajadas de ventos gelados dos Pirineus com cerca de 50km/h.

Foi muito duro mesmo mas pedalei mais calmo e mais consciente. Respirei fundo para baixar a ansiedade e mantive uma rotação quase constante ao longo das principais subidas. Pedalei em pé apenas onde não dava pra pedalar sentado ou pra variar de posição. Foi um jogo de paciência fazendo força.

Cumpri meu objetivo. Matei o leão bravo do dia. Fiquei em 180 de uns 300 (até agora não vi quantos tem no total). E cerca de 1 hora do limite de corte.

Até massagem de hoje foi melhor que a de ontem. Fiquei com dores na panturrilha esquerda que cheguei a pensar em tomar remédio mas a osteopata francesa mandou ver e deu certo. Até banho de banheira gelada consegui tomar.

Jantamos eu e meu amigo Luiz com frutas da região, com queijo e baguettes francesas.

No durante é muito sofrimento. Muito calor nas subidas com o sol de rachar e muito frio nas descidas e no topo das montanhas. Velocidades altíssimas nas descidas, mais de 60km/h, e lentissimas nas subidas, cerca de 6km/h. Muitos extremos durante o dia. Cercado de um visual maravilhoso. Lindas montanhas e árvores verdinhas. To gostando muito. Aliás adorei essa cidade. Um dia quero voltar com calma. Adorei esse hotel também.

Hoje foi um dia muito bem vivido, um pedal de corpo e alma.

Vou dormir que amanhã é mais cedo e será um dia mais longo que o de hoje o café será às 5.30h.

Até amanhã. 







segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Dia 1 - Foi difícil, mas foi!!!



Key features of Stage 1:
• Depart from Ripoll on Monday 1st September
• Arrive in Font-Romeu in the beginning of the afternoon
• 92 km, including 86km that will be timed
• 2500 metres of elevation gain / 1450 metres of descent
• 2 refreshment points along the route

Ascents of the day:
• Coll de Merolla, 1090m altitude, 340 metres altitude gain over 13km
• Coll de la Creueta, 1888m altitude, 574 metres altitude gain over 10.3km
• Ascent to Font-Romeu, 1750m altitude, 486 metres altitude gain over 9.8km

Pyrenees ONE

The true starting point of this stage is the Catalan town of Ripoll, however you will be transported at the start by bus 100km to Barcelona which will position you directly in the mountains at 700m where you can warm up on the first day.

The first challenge of the week is a gently sloping wide road up to 1,090m taking you to the Coll de la Merolla. From here you move on to La Pobla de Lillet, “base camp” of Port de la Creueta which rises 20km to 1,888m.

A long descent takes you past the famous ski resort of La Molina before a quiet road to Puigcerdà near the small town of Bourg Madame where you cross the French border.

A long but gradual climb takes you to Font-Romeu at 1,750m – make sure to conserve your energy for the rest of the week.

Pyrenees 2014 Stage ONE

Era para ser um dia técnicamente mais fácil. Mas uma prova com 3 montanhas, nunca pode ser fácil. Vou ser bem resumido, pois estou caindo de sono. Tive problemas com a internet e só consegui conexão agora.

Ansiedade da prova, do translado de onibus, arrumação das mochilas, tudo isso me deixa tenso. A preocupação de não esquecer nada, dupla checagem de tudo. Nunca tive prisão de ventre, pelo contrário, mas até isso tive. Tudo deixa me deixou mais tenso em inseguro.

Mas vamos para a parte boa. A prova foi fantástica, apesar de tudo, cumpri minha meta com bastante folga. Fiquei em 179 no total de uns 300. A prova tinha limite de corte em 6h, mas fiz em 4.50h. Fiquei feliz com o resultado. A Gretchen esteve perfeita, não esqueci de nenhum equipamento. A alimentação e hidratação saiu um pouco do plano, mas readaptei super bem, acho. Pelo menos me senti bem.

O clima estava øtimo, mas é impressionante como faz frio no topo das montanhas, muito vento, vento muito gelado. A segunda subida foi muito longa e muito dura. Foram 18km subindo sem parar. E a parte não cronometrada, serviu para descansar as pernas, mas cansou a cabeça. Era em estrada pelo acostamento e não acabava nunca.

A logistica da chegada para banho massagem, alimentacao, check in no hotel, alongamento, etc me deixou mais cansado ainda. Mas tudo na primeira vez é mais complicado.

Bom, é isso, amanhã tem menos, stress pois a coisa tá mais azeitada, porém o percurso será bem mais duro. É mesmo um leão por dia. E parece que o de amanhã é mais feroz que o de hoje.

Boa noite.

Valeu pela torcida.

domingo, 31 de agosto de 2014

É Amanhã...


Com certeza é maravilhoso passar uns dias em Barcelona. Mas acaba sendo uma quebra de rotina dos exercícios, da alimentação, e da hidratação. Nada que afete significativamente a preparação. Mas toda quebra de rotina requer uma nova readaptação. Novos horários, novas comidas, etc. De qualquer forma tá sendo uma boa zona de transição entre a vida normal e a vida do Haute Route.



O clima aqui está ótimo, está até quente demais. Vamos ver como estará nas montanhas... Já estou com overdose de jamon. E a minha alimentação está com uns horários doidos.
Sigo ansioso, mas ainda menos do que eu achava. Quero só ver hoje pra dormir...
Hoje ainda já deixo Gretchen com a organização para pegá-la na largada. Tem ainda uma palestra e um jantar de confraternização para entrar no clima.

Bora Dan!!!

Testando as pernas e a Gretchen

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Expectativa da Vida no Haute Route

Tá chegando a hora...
Depois que fechei as malas hoje de manhã vi que a hora estava próxima. A nossa rotina da vida de verdade toma a gente por inteiro. Mas os dias chegam...tudo uma questão de tempo.
Mas agora estou começando a me desligar do mundo real e fazendo a transição pra vida do Haute Route.
To ansioso mas menos do que costumo ficar. Tenho a impressão que essa ansiedade vai subir ainda. Acho que vai atingir seu pico no domingo a noite. Vamos ver como me comporto... Mas até pra isso tenho exercícios de relaxamento pra fazer.
Será uma rotina árdua e prazerosa. Mas quem acha que é "só" pedalar se enganou...
Café da Manhã
Aquecimento
Prova
Banho
Massagem
Alongamento
Almoço
Descanso
Jantar
Exercícios Respiratórios
Dormir
Essa será minha rotina diária. Começando por volta das 5h da manhã. E pra cada item há um desdobramento mais detalhado. Olha o exemplo do alongamento.
Alongamento
- posterior da perna com bunda na parede
- glúteos deitado
- panturrilha deitado com faixa de judo
- posterior lateral de perna e glúteos com faixa de judo
- quadriceps deitado com a barriga pra baixo

Bom...vou interromper por aqui. Tô embarcando.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Agradecimentos Pré-Prova


Valeu pessoal!!!

Pra que agradecer se ainda nem fui, nem completei a prova, nem atingi meus objetivos?

Ledo engano...

Parto para o Haute Route preparado, confiante e decidido a atingir os meus objetivos. Sei como devo pedalar, sei como devo me alimentar e hidratar, sei como lidar com as emoções, sei que meu corpo vai aguentar a pressão, sei que equipamentos devo usar, sei do que a Gretchen é capaz, e sei, também, que vão acontecer várias coisas que eu não sei. Mas pra isso, sei que tenho conhecimento técnico e emocional para poder contorná-los. Sei, ainda, que tudo pode dar errado em maior ou menor grau. Acidentes de percurso em maior ou menor grau, podem acontecer e, na teoria, sei como contorná-los ou evitá-los.

Enfim, tenho mais do que motivos para agradecer, e devo esse agradecimento a muitas pessoas. Tais pessoas, me ajudaram direta ou indiretamente, técnica ou emocionalmente. A lista com certeza não está em ordem de importância até porque eu não saberia fazer essa ordenação. A única pessoa que tenho certeza, é a primeira dessa lista, mas que, nesse momento, ainda não sabe ler e muito menos entender o valor dessas palavras. Mas isso não tem problema. Esse dia vai chegar um dia, e quando esse dia chegar, vai ter valido a pena esperar esse tempo.


Primeira pedal nas Paineiras

Obrigado Taiki por ser minha grande inspiração para ir cada vez mais longe em tudo.

Obrigado Raul Furtado. Obrigado Flávio Magtaz. Obrigado Fernanda Mano. Obrigado Fernanda Loureiro. Obrigado Carol Freitas. Obrigado Diogo Cals. Obrigado Sara Singer. Obrigado Adriana Carvalho. Obrigado Johnny e Charles da Special Adventure. Obrigado Loris Verona Jr. Obrigado Izabel Jaguaribe. Obrigado Ernesto Baldan. Obrigado ao pessoal da Fox Investimentos. Obrigado Erica Bamberg.

E vambora, pois agora é que o bicho vai pegar!!!

Torçam por mim.

Obrigado pela torcida.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Pensamentos e Sensações Pré-Prova


Gretchen na Prainha

Tá chegando a reta final para a largada.

É uma sensação engraçada...

Nunca fiz uma preparação tão longa para uma prova esportiva. Nem tão longa, muito menos tão técnica. Mudei hábitos pessoais, mudei minha alimentação, meu corpo mudou, mudou a minha relação com o meu próprio corpo e até com as outras pessoas. A rotina de treinamentos é dura, mas é impressionante como apresenta resultados. Estou com 44 anos, mas estou no momento mais alto do meu condicionamento físico. Nunca fui gordo, mas perdi cerca de 9kg do meu maior peso, e hoje controlo o peso para não cair de 63kg.

Em menos de 2 semanas estarei colocando em prática toda essa preparação. Todo o sacrifício prazeroso e sofrido também deverá ser mais do que compensado com o início do Haute Route. As vezes o treino parece desproporcional, foram 10 meses, ou 300 dias de treinamento para estar preparado para 7 dias. Foram mais de 7.000 km de pedal para poder pedalar 800km, mais de 70.000m de altimetria para poder subir 20.000m. Obviamente estou ansioso. Mas estranhamente não estou sentindo o peso dessa "responsabilidade". Estou me sentindo naturalmente forte e confiante. Será essa a sensação correta? Se é que tem disso...

Agora entendo bem a vida de um atleta. A quantidade de horas e sacrifício que são necessárias muitas vezes para descarregar em alguns segundos. E no caso dos profissionais, todos têm um único objetivo: o ponto mais alto do pódio. Quem é que se lembra do segundo lugar no esporte? No meu caso, ou dos amadores, entendo que seja diferente, são muitos os objetivos. Dos mais técnicos aos mais emocionais, os objetivos passam por conhecer lugares diferentes de formas diferentes, explorar os limites do próprio corpo, ter mais auto conhecimento mental e do corpo, ter maior contato com a natureza, sofrer para descarregar energia ruim, e por aí vai. Na verdade, nem dá para se considerar isso tudo como objetivo ou meta. Mas sendo claro e direto como toda meta deveria ser, minha meta é cumprir cada uma das 7 etapas do Haute Route dentro do limite de tempo máximo, que considero bastante rigoroso. Porém, já começo a achar que posso ser um pouco mais ousado na minha meta. Vamos ver... Deixa eu começar a pedalar....

A partir dessa semana, meu volume de treinos já começa a cair. Acho que vou sentir um vazio na minha agenda que era mega lotada. Uma correria cronometrada pra poder fazer todas as minhas atividades pessoais e profissionais, pois a sociais já dançaram há algum tempo (confesso que nunca foram o meu forte). Só que não. Acaba sendo um alívio, pois ficar por muito tempo no volume máximo é brabo. A gente nem sente direito que chegou no volume máximo, pois o treino vem num crescente constante, mas sutil. Eu só percebi quando os meus tempos em trechos cronometrados pararam de cair e, em seguida, começaram a subir. Resultado do volume máximo de treino, o corpo fica mais sofrido, mais desgastado.

Tenho acompanhado o Haute Route Dolomites que está rolando nesses dias. Além, da dureza natural do percurso, está muito mais frio do que o esperado, e com muita chuva. Isso eu não queria para mim...

Difícil ser muito conclusivo nesse momento. Sigo na minha etapa final de treinamento. É o polimento final de um longo processo. E todos os dias reviso e repasso meu check list de equipamentos, remédios e alimentação para levar.

Além disso, tomo o maior cuidado para não me machucar de bobeira, no pedal e na vida diária. Para não ficar doente ou sofrer algum imprevisto que desequilibre muito. Mas é curioso como o excesso de cautela atrai situações de risco...

Tomara que dê tudo certo...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A Preparação

Prazer de Pedalar...


A preparação para o Haute Route, pra mim, pode ser dividida em 3 grandes partes que estão totalmente interligadas:
  1. Parte Física - condicionamento muscular e cardio-respiratório, aprimoramento técnico;
  2. Parte Nutricional - o que e quando se alimentar, como e quando se suplementar;
  3. Parte Mental - criar resistência mental, auto-confiança e capacidade de superar limites;
Para o bom desenvolvimento dessas partes foi fundamental a ajuda de profissionais super competentes que vem me ajudando e me orientando nesse processo.

Na parte física, o Raul Furtado, técnico e triatleta profissional de Ironman vem me orientando desde novembro de 2013. Basicamente, recebo um plano de exercícios semanalmente com a programação de exercícios para toda a semana (planilhas). Nessas planilhas estão incluídas, além do ciclismo, natação, corrida (esteira, asfalto ou areia), musculação e exercícios funcionais de fortalecimento dos músculos mais relevantes para o ciclismo. E os treinos de ciclismo, são super específicos determinando os tempos, as zonas de frequência cardíaca, o grau de inclinação, além de exercícios para aprimoramento técnico. Além das planilhas (segue uma como exemplo), temos encontros quinzenais ou semanais para treinos coletivos, onde são as imperfeições são observadas e corrigidas. Mas na realidade não é só isso, ter o Raul como treinador é um luxo. Ele é uma pessoa fantástica, simples, de fala mansa e atencioso, apesar de ser um monstro de atleta. Um exemplo de superações profissionais e pessoais. Rolou uma empatia desde a primeira vez que o conheci. Pois imaginava conhecer um monstro ogro, e o cara era gentil e inteligente. Acho que é a relação perfeita entre o atleta e seu treinador, pelo menos sob a minha ótica.

Na parte física ainda, conto com a ajuda especial de duas fisioterapeutas, a Fernanda Loureiro, que é totalmente responsável pela minha super recuperação da cirurgia no joelho, e a Carol Freitas. É uma dupla perfeita, pois a Fernanda é especialista em pós-cirúrgico e pernas. E a Carol em coluna e RPG. Tenho sessões semanais com a Fernanda e com a Carol quinzenalmente. Além de me desentortar da quantidade enorme de atividades físicas, muitas vezes explorando o meu corpo além do seu limite físico. Elas me orientam passando exercícios de fortalecimento de músculos (fundamentais para o ciclismo) que nem sabia que existiam e alongamentos super específicos de acordo com minhas atividades. Se não tive e não tenho lesões é graças a elas.

Na parte nutricional, a Sara Singer já é uma amiga que vem me orientando desde a aventura do Caminho de Santiago. Só que dessa vez, como tenho um programa rigoroso de treinamento diário, minha dieta do dia-a-dia, virou igualmente um programa rigoroso de alimentação, hidratação e suplementação. Nesse longo programa de treinamento, atualmente, já não me alimento mais. Parece que estou ajustando e aperfeiçoando uma máquina para uma competição, que na verdade é o meu corpo. As vezes até viro um ser anti-social, que não consegue acompanhar os amigos do trabalho para um almoço light. Meus almoços pesam 600g, lotados de carboidratos de baixo índice glicêmico e proteína animal (de preferência carne bovina). Mas a Sara, sempre bem disposta e alegre, me ajuda a tornar essa rotina alimentar mais saborosa e prazerosa. Fora a paciência para minhas mil perguntas sobre nutrição.

Na parte mental, essa não teve muito jeito. Sou eu comigo mesmo. Na verdade, é uma parte que vem sendo treinada ao longo de todo o processo. A programação de treinamento começa mais leve e vem aumentando de volume e intensidade ao longo do tempo. Estou atualmente muito perto do volume e intensidades máximos (10 dias antes da prova, a intensidade cai, "tapering"). E nessa fase, conseguir cumprir todos os exercícios, vencendo o cansaço diário, as longas horas de treinamento solitário, chuvas durante o treino, motoristas mal educados, imprevistos que teimam em acontecer, e tantas outras dificuldades que vão sendo vencidas uma a uma são barreiras psicológicas que vão sendo quebradas. A dor, a fadiga, o frio, o sono, o calor, o medo, a fome, entre outras tantas sensações, são barreiras que se apresentam ao longo do treinamento. E conforme a intensidade dos treinos aumenta, tais sensações aumentam exponencialmente. Transpor essas barreiras e continuar de pé do outro lado, vai te trazendo confiança. Além disso, estudar o percurso, ver depoimentos, ler bastante sobre o assunto, também vai te trazendo confiança. A cada barreira quebrada, cai um limite e se forma um novo. Até ser novamente quebrado.

Obviamente que o processo de treinamento não é só sofrimento, tem muito prazer envolvido, prazer hormonal, prazer social, prazer de estar bem próximo da natureza, prazer da superação, e com certeza...

Prazer de pedalar...

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Vai com tudo 1037 !!!






We're delighted to confirm your place in the Haute Route 2014
Your bib number is:
1037
Please make sure you keep a copy of this email. Your bib number and an ID document will be required to collect your bib at the Start Village.
Thanks for choosing to ride the Haute Route and we are looking forward to seeing you soon.


terça-feira, 22 de julho de 2014

Audax 200k Urbano - Rio de Janeiro

Distância percorrida: 193km
Altimetria: 2.893m
Cadência média: 74 rpm
Batimentos médio: 143 bpm
Tempo em movimento: 8:48hs
Tempo total: 9:51hs
Calorias consumidas: 4.559
Força estimada: 4.089 kJ
Colocação: 5o lugar

Foi o mais duro da série até hoje...

A prova tem uma altimetria malvada. Muita altimetria no começo, quase 2000m em menos de 50km, já tira um bom gás para o resto da prova. E depois de 130km  nas pernas uma serrinha curta em km (Cabritos em Guaratiba/Grumari), mas acho que foi a mais dura que pedalei. Trechos acima de 15% e média de uns 10% que quase andei pra trás mesmo em pé e fazendo força. Achei que teria que descer e empurrar. Só que não...

E por ser urbano, é preciso ter atenção redobrada na travessia de pedestres e cruzamento de carros. Ou seja, precisa ficar bem esperto para não morrer e nem matar ninguém. Só isso já me deixa mega tenso, pois sempre tento minimizar tais riscos escolhendo lugares mais calmos para pedalar, mas nesse caso, já que decidi fazer, não tinha jeito. Esse Audax era fundamental no meu ciclo de treinamento para o Haute Route.

É uma prova com vários trechos esburacados, paralelepípedos, asfalto liso, quebra-molas, terra, areia, mas com um visual muito especial. Seria um roteiro turístico maravilhoso, mas eu, sinceramente, nem pude apreciar muito. Me lembro de alguns flashes de visuais paradisíacos das nossas montanhas e praias. Pra quem é de fora e não tava na loucura de pedalar forte deve ter sido maravilhoso. Alem de toda a beleza natural dessa época do ano, que acho a mais bonita no Rio, sábado choveu e domingo, dia da prova, o tempo clareou, ficando mais bonito ainda. Um azul lindo, cor de infinito.

Nessa provas longas, chega uma certa hora que a gente não sabe bem o que está fazendo. É uma entorpecência que te deixa meio retardado. O rendimento não cai, mas atenção fica tão focada no pedal e, nesse caso, no trânsito que todas as outras coisas passam meio despercebidas.

Outra sensação que rolou dessa prova foi uma ansiedade diferente. Já explico... Nas provas anteriores, não conhecia o trajeto bem com conheço a cidade do Rio. E como é um trajeto urbano, passamos por ruas e avenidas, e não estradas. Ok, mas o que quer dizer, isso? Nas outras provas, a ansiedade vem pelo desconhecimento. Fico conversando comigo: "Quando essa estrada vai terminar? Onde será que termina essa subida? E nessa prova, sabia exatamente onde a gente ia passar, assim como suas dificuldades e distâncias. E quando se fala de distâncias rodoviárias (200km) dentro de uma cidade, o deslocamento entre bairros vira uma loucura inimaginável. Isto é, ninguém em sã consciência não faz esses deslocamento nem de carro. Passamos por praticamente todos os principais bairros do Rio: Laranjeiras, Catete, Centro, Tijuca, Rio Comprido, Estácio, Alto da Boavista, Horto, Jardim Botânico, Leblon, São Conrado, Barra da Tijuca, Recreio, Macumba, Guaratiba, Grumari, entre outros. E vários deles passamos na ida e na volta. Só de ler a lista dá cansaço, não? Ficar exercitando mentalmente esse percurso cansa e gera ansiedade.

Alias, senti na pele, ou melhor, nas pernas, como é critico e fundamental um equilíbrio psicológico em provas de longa duração. Teve um momento em que me perdi no percurso, perdi tempo, fiquei confuso. Isso me deixou bem chateado. Junto com o cansaço, fui desanimando. Diminui o ritmo e senti as pernas ficando mais cansadas. Mas ai vem o outro lado, num outro trecho, num ponto de controle, tive uma surpresa feliz. Uma pessoa muito importante que sempre me apoiou das mais diversas formas e que não a via há algum tempo, me fez uma visita surpresa. Foi um momento de felicidade pra um confuso combalido. Resultado: sai pedalando dali sem nenhum cansaco nas pernas. Subi a ultima serra (da Estrada do Joa) como se fosse a primeira. Cheio de energia e forca nas pernas. Incrível, parece mentira, mas não é. Dali pra frente, os últimos quase 50km passaram voando.

Minha conclusão: imprevistos fazem parte. Preciso buscar animo em mim mesmo, sozinho, para contornar tais situações, pois hoje vejo e sinto que tenho capacidade física para aguentar desafios do Haute Route. Mas pra isso a cabeça precisa estar bem boa e focada, sem devaneios. E acreditando e capturando a energia positiva de muita gente que me quer bem para superar as dificuldades esperadas e, especialmente, as inesperadas.


Feliz, cansado e entorpecido

domingo, 8 de junho de 2014

Copa Rio de Janeiro de Ciclismo - Etapa Conservatória


Distância percorrida: 81km
Altimetria: 1.842m
Cadência média: 82 rpm
Batimentos médio: 164 bpm
Tempo em movimento: 2:58hs
Tempo total: 3:02hs
Calorias consumidas: 2.605
Força estimada: 2.336 kJ
Colocação: 18o de 24 entre os Federados do Master B2

Tudo pronto

Essa foi a minha estréia em competições dessa natureza. Minha estréia como federado também. Rola um clima muito diferente das provas de Audax. É uma sensação diferente das minhas competições de judô ou tênis. Não tem um oponente claro e direto. Todos são seus competidores, mas na verdade depende basicamente de você mesmo. A interação com os demais competidores é direta e indireta ao mesmo tempo. Mas resumindo, tava mais tenso do que das outras vezes, boca seca e batimento alto.As largadas são feitas com intervalos entre as diferentes categorias, iniciando com as categorias de Elite e mais jovens. A minha categoria era a dos velhos entre 45 a 49 anos. Éramos 24 velhos. A grande maioria se inscreve na categoria Open para não federados e sem distinção de idade. Para ser federado é só pagar uma anuidade de 20 reais.

Me coloquei na linha de frente da largada pensando ter algum tipo de vantagem...que ilusão...

Os primeiro 300m da prova são de paralelepípedo. Logo achei que ia ser feita com cuidado para ninguém cair...que ilusão....

Largada !!!

Cadê que o meu outro pé encaixava no clip. E o paralelepípedo pra pedalar com cuidado....fui deixado para trás antes da primeira subida, a 1km da largada. E o meu batimento nessa altura já estava em z4/z5 (i.e. perto das máximas). Primeira revisão de estratégia, meto o pau para tentar grudar no último pelotão ou sigo no plano original de tentar manter z3/z4 durante a prova e mandar pau nos últimos 20km? Na dúvida, siga o plano. E assim fui deixado para trás. Mantive o ritmo até estabilizar o meu batimento.

Primeiro erro: Não se pode deixar escapar todos os pelotões logo na largada.
Segundo erro: Já que deixei escapar, tinha que ter mandado o pau para pegar o último pelotão e depois, sim, procurar estabilizar o batimento. Aproveitando o vácuo para pedalar em BG (i.e. marcha de força e menos giro, ajudando a baixar o batimento).

Bom, só descobri esses erros depois de cometê-los. Agora já sei...

Alguns outros pelotões dos mais velhos, do feminino e do Open me passaram. Mas logo depois da primeira descida, lá pelo km 20, meu batimento estabilizou. Nessa hora, alguns que tinham forçado na primeira subida estavam se afogando. E assim fui passando um a um. Me juntei a um pelotão e fui forçando para buscar outros pelotões mais a diante.

Passei muita gente que me passou, mas o pessoal da minha categoria não consegui buscar. E nos últimos 20km segui o plano. Mandei pau na última subida. Passei mais um monte de gente. Fiz a última descida forte também.

Cheguei. Cheguei inteiro, inteiro demais...

Terceiro erro: podia ter forçado mais ao longo da prova.

No mais, a prova é maravilhosa. O asfalto é perfeito, tem um visual incrível (do pouco que puder ver, pois estava concentrado no pedal). Subidas e descidas longas e maravilhosas. Organização impecável.

A cidade, Conservatória, é uma cidade bonitinha, meio ordinária que vive de um turismo meio popular. Mas nesse final de semana, parecia as Disney das bicicletas. Era ciclista pra tudo que é lado. Bicicletas caríssimas e maravilhosas.

Adorei, quero ir de novo.


Em primeiro lugar....na foto







segunda-feira, 26 de maio de 2014

Audax 200k - Volta Redonda


Distância percorrida: 197km
Altimetria: 2.722m
Cadência média: 81 rpm
Batimentos médio: 151 bpm
Tempo em movimento: 7:30hs
Tempo total: 8:30hs
Calorias consumidas: 4.615
Força estimada: 4.139 kJ
Colocação: 3o lugar

Eu e Gretchen nos concentrando para o início da prova.



O Audax é um tipo de prova de ciclismo de longa distância que é não competitivo na sua essência. Mas sempre tem um grupinho de doidos que estão marcando tempo e querendo chegar logo, eu era um deles. Porém, nem de longe rola a agressividade e competitividade de uma competição tradicional. Nem cronometragem por chip tem. Nem divulgação de ranking de chegada. Eles simplesmente soltam a lista em ordem alfabética com o tempo do lado (aqui). Bom, com ou sem ranking, cheguei em 3o junto com um outro camarada.

Já participei de um total de 4 provas de Audax, a primeira com 100km e as demais com 200km. Normalmente, há mais de uma opção de percurso, 50km, 100km ou 200km. Tornando o evento mais acessível e portanto com mais gente. Só que dessa vez, só tinha a opção de 200km, tornando o evento mais restrito com um público mais preparado. Sendo assim, parecia mais com uma corrida do que os eventos que participei. Com formação de pelotões e tudo mais.

O Audax pra mim tem sido uma ótima oportunidade para treinos longos. Pelo menos nesses eventos, se tem uma sensação de segurança maior em relação a ser atropelado ou assaltado. E como bônus é uma ótima desculpa para conhecer novos caminhos, cidades e pessoas.

Estava bem treinado para essa prova, estava descansado e com a cabeça tranquila. Minha única grande preocupação era passar frio e pedalar na chuva. Pois a previsões não eram nada favoráveis além de ter chovido bastante no dia anterior o que deixava a pista escorregadia.

Já tinha testado no penúltimo Audax meu esquema de hidratação e alimentação que já tinha dado certo e somente repeti. Na verdade, com o tempo mais ameno meu esquema de hidratação acabou até sobrando.

Hidratação: Accelerade (750ml) + Intra VO2 (600ml) para cada 2h
Nutrição: Carb Up Gel a cada 45 minutos, 3 barras de proteína Exceed para mastigar alguma coisa

Vamos a prova...

Graças a Deus não choveu e nem estava muito frio. Estava nublado e com a temperatura em torno de 20 graus.

O início, até sair da cidade de Volta Redonda, foi todo escoltada por policiais e fomos todos em um grande pelotão. Tinha um grupo de ciclistas profissionais liderando e puxando a galera até uns 80km. Um pequeno grupo de umas 10 bicicletas desgarrou com eles e um segundo grupo, da qual fiz parte, foi um pouco mais atrás.

A ida, nos primeiros 120km, passou muito rápido. Fiquei poucos momentos sozinho e fui pulando de pelotão. A única parte que assustou foi um pega de dois cachorros que eu e mais um cara tomamos. Mas além do susto, foi relativamente fácil sair, pois estávamos num trecho de descida. Pegamos um pouco de chuva fina no caminho. Mas nada que comprometesse.

Na volta bateu um cansaço...principalmente depois de me desgarrar do pelotão que estava liderando a prova. Bate um cansaço e um desânimo. O que era divertido parece um filme de terror. Parece que coisas ruim estão prestes a acontecer....e o pior isso tira ânimo, tira confiança e tira força. E ai o que aparece....

Os mesmos cachorros da ida estão no alto da ladeira pronto para dar o bote de novo. É sério isso, um dos caras que estava comigo na ida já foi mordido numa dessas e me mostrou a cicatriz. Um cachorro tinha ficado agarrado na canela do cara. E de novo quando os cachorros assassinos percebem minha presença partem pra cima. Só que dessa vez estou sozinho, cansado e na subida. Desci as marchas e dei o sprint mais forte na minha vida....me livrei de um deles, mas o outro estava quase me alcançando. Foi quando usei a cabeça e me arrisquei. Vi um carro vindo na mão oposta, fui para a contramão e segui no sprint pelo canto da pista, o cachorro que estava ao meu lado quase foi atropelado....quase morri do coração....eu me tremia todo. Continuei forte por um tempo para ter certeza que o cachorro assassino não estava por ali.

Peguei a garrafa para beber um gole de água mas deixei cair. Voltei para pegar, mas a garrafa era de um plastico mais rígido e quebrou...e quando a cabeça cansa, tudo parece dar errado. Olhava pra subidas na minha frente e não tinha vontade de subir o giro. Cheguei numa cidade e meu gps parecia indicar o caminho errado. Ainda me perdi um pouco, quando encontrei um ciclista que tinha conhecido no dia. O cara conhecia bem o caminho e me guiou pelos últimos 20km. Eu estava melhor fisicamente do que ele, mas fui segurando o ritmo. Pois o cara era diabético, nunca tinha feito 200km e estava com hipoglicemia.

E assim chegamos.

Cheguei bem. Cheguei inteiro.

Eu e Gretchen na Praça de Chegada / Largada

domingo, 16 de março de 2014

Audax 200k - Rio das Ostras


Distância percorrida: 195km
Altimetria: 2.203m
Cadência média: 77 rpm
Batimentos médio: 152 bpm
Tempo em movimento: 7:35hs
Tempo total: 8:22hs
Calorias consumidas: 4.325
Força estimada: 3.880 kJ
Colocação: sub 10


Sorriso tenso antes da largada

Depois de uma viagem ao exterior pelo trabalho, chego meio cansado, mas muito bem preparado para esse Audax 200. Rolou uma tensão diferente da minha primeira prova de Audax 200.

Antes era uma sensação de será que vou conseguir? Como será pedalar tanto tempo numa bicicleta "desconfortável" de speed (a prova anterior foi com a Palita, minha primeira speed, uma Triban 3 da Decathlon)?

Dessa vez, as ansiedades eram: Será que chego no tempo estimado? Será que o plano de hidratação e alimentação vai funcionar bem? Será que a Gretchen vai se comportar bem? Será que vou conseguir dosar e explorar o meu limite máximo?

Bom...essas e outras perguntas estão respondidas (ou não) na entrevista que dei (no link abaixo):

Entrevista

Cansado, mas feliz...


quarta-feira, 12 de março de 2014

O que é o Haute Route



Tecnicamente é uma prova de longa duração, 7 dias, longa distância, 800km e muita altimetria, 20 mil metros. Uma prova competitiva amadora. Mas isso é o que tem escrito no site...

Mas o meu Haute Route (HR) tem muito outros significados. Tem muito mais a ver com emoção. Muito mais a ver com desafio. Muito mais a ver com o impossível.

Essa loucura foi amor primeira vista. Um amigo, na verdade, meu mentor no ciclismo, o Flavio Magtaz, comentou sobre essa prova e disse que eu ia gostar. Não dei bola de primeira, mas resolvi pesquisar. Eu tinha acabado de sofrer um rompimento no ligamento posterior do joelho treinando judo. Sabia que teria passar por uma cirurgia de reconstrução, sabia que nem de longe estava preparado para essa prova, sabia que tinha que correr (pedalar!) atras do prejuízo e do tempo parado. Mesmo assim, ou por isso mesmo, fui um dos primeiros a me inscrever. Não pensei duas vezes. Se pensasse não faria de jeito nenhum.

Depois de inscrito, o Flavio me orientou a procurar um treinador profissional. E assim cheguei ao Raul Furtado, um triatleta profissional e treinador de atletas amadores de elite. Eu certamente estava aquém da grande maioria de seus alunos. Mas ele me aceitou assim mesmo. Acho que ele viu brilho nos meu olhos muito mais do que forca nas minhas pernas.

A seguir uma entrevista que dei falando do desafio...

Entrevista

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O Objetivo deste Blog

Os momentos passam...

Mas as sensações ficam, assim como os aprendizados, especialmente os que foram adquiridos com o sofrimento.

Porém, o passar do tempo faz a gente esquecer de muita coisa... Pior, esquecemos de coisas que deveriam ser lembradas e não queríamos nunca ter esquecido.

Esse é o objetivo desse blog, resgatar memórias e sensações que foram por mim esquecidas. E, obviamente (se não, não seria um blog) dividir tais sensações com pessoas que possam ter afinidade com esse tipo de aventura e, certamente, incentivá-las para uma aventura. Em especial, deixo esses registros para que daqui a algum tempo, meu filho possa ler e se inspirar de alguma forma para que num futuro próximo possamos estar fazendo juntos essas e outras infinitas aventuras.


Minha fiel companheira Gretchen num treino em Grumari.