domingo, 31 de agosto de 2014

É Amanhã...


Com certeza é maravilhoso passar uns dias em Barcelona. Mas acaba sendo uma quebra de rotina dos exercícios, da alimentação, e da hidratação. Nada que afete significativamente a preparação. Mas toda quebra de rotina requer uma nova readaptação. Novos horários, novas comidas, etc. De qualquer forma tá sendo uma boa zona de transição entre a vida normal e a vida do Haute Route.



O clima aqui está ótimo, está até quente demais. Vamos ver como estará nas montanhas... Já estou com overdose de jamon. E a minha alimentação está com uns horários doidos.
Sigo ansioso, mas ainda menos do que eu achava. Quero só ver hoje pra dormir...
Hoje ainda já deixo Gretchen com a organização para pegá-la na largada. Tem ainda uma palestra e um jantar de confraternização para entrar no clima.

Bora Dan!!!

Testando as pernas e a Gretchen

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Expectativa da Vida no Haute Route

Tá chegando a hora...
Depois que fechei as malas hoje de manhã vi que a hora estava próxima. A nossa rotina da vida de verdade toma a gente por inteiro. Mas os dias chegam...tudo uma questão de tempo.
Mas agora estou começando a me desligar do mundo real e fazendo a transição pra vida do Haute Route.
To ansioso mas menos do que costumo ficar. Tenho a impressão que essa ansiedade vai subir ainda. Acho que vai atingir seu pico no domingo a noite. Vamos ver como me comporto... Mas até pra isso tenho exercícios de relaxamento pra fazer.
Será uma rotina árdua e prazerosa. Mas quem acha que é "só" pedalar se enganou...
Café da Manhã
Aquecimento
Prova
Banho
Massagem
Alongamento
Almoço
Descanso
Jantar
Exercícios Respiratórios
Dormir
Essa será minha rotina diária. Começando por volta das 5h da manhã. E pra cada item há um desdobramento mais detalhado. Olha o exemplo do alongamento.
Alongamento
- posterior da perna com bunda na parede
- glúteos deitado
- panturrilha deitado com faixa de judo
- posterior lateral de perna e glúteos com faixa de judo
- quadriceps deitado com a barriga pra baixo

Bom...vou interromper por aqui. Tô embarcando.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Agradecimentos Pré-Prova


Valeu pessoal!!!

Pra que agradecer se ainda nem fui, nem completei a prova, nem atingi meus objetivos?

Ledo engano...

Parto para o Haute Route preparado, confiante e decidido a atingir os meus objetivos. Sei como devo pedalar, sei como devo me alimentar e hidratar, sei como lidar com as emoções, sei que meu corpo vai aguentar a pressão, sei que equipamentos devo usar, sei do que a Gretchen é capaz, e sei, também, que vão acontecer várias coisas que eu não sei. Mas pra isso, sei que tenho conhecimento técnico e emocional para poder contorná-los. Sei, ainda, que tudo pode dar errado em maior ou menor grau. Acidentes de percurso em maior ou menor grau, podem acontecer e, na teoria, sei como contorná-los ou evitá-los.

Enfim, tenho mais do que motivos para agradecer, e devo esse agradecimento a muitas pessoas. Tais pessoas, me ajudaram direta ou indiretamente, técnica ou emocionalmente. A lista com certeza não está em ordem de importância até porque eu não saberia fazer essa ordenação. A única pessoa que tenho certeza, é a primeira dessa lista, mas que, nesse momento, ainda não sabe ler e muito menos entender o valor dessas palavras. Mas isso não tem problema. Esse dia vai chegar um dia, e quando esse dia chegar, vai ter valido a pena esperar esse tempo.


Primeira pedal nas Paineiras

Obrigado Taiki por ser minha grande inspiração para ir cada vez mais longe em tudo.

Obrigado Raul Furtado. Obrigado Flávio Magtaz. Obrigado Fernanda Mano. Obrigado Fernanda Loureiro. Obrigado Carol Freitas. Obrigado Diogo Cals. Obrigado Sara Singer. Obrigado Adriana Carvalho. Obrigado Johnny e Charles da Special Adventure. Obrigado Loris Verona Jr. Obrigado Izabel Jaguaribe. Obrigado Ernesto Baldan. Obrigado ao pessoal da Fox Investimentos. Obrigado Erica Bamberg.

E vambora, pois agora é que o bicho vai pegar!!!

Torçam por mim.

Obrigado pela torcida.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Pensamentos e Sensações Pré-Prova


Gretchen na Prainha

Tá chegando a reta final para a largada.

É uma sensação engraçada...

Nunca fiz uma preparação tão longa para uma prova esportiva. Nem tão longa, muito menos tão técnica. Mudei hábitos pessoais, mudei minha alimentação, meu corpo mudou, mudou a minha relação com o meu próprio corpo e até com as outras pessoas. A rotina de treinamentos é dura, mas é impressionante como apresenta resultados. Estou com 44 anos, mas estou no momento mais alto do meu condicionamento físico. Nunca fui gordo, mas perdi cerca de 9kg do meu maior peso, e hoje controlo o peso para não cair de 63kg.

Em menos de 2 semanas estarei colocando em prática toda essa preparação. Todo o sacrifício prazeroso e sofrido também deverá ser mais do que compensado com o início do Haute Route. As vezes o treino parece desproporcional, foram 10 meses, ou 300 dias de treinamento para estar preparado para 7 dias. Foram mais de 7.000 km de pedal para poder pedalar 800km, mais de 70.000m de altimetria para poder subir 20.000m. Obviamente estou ansioso. Mas estranhamente não estou sentindo o peso dessa "responsabilidade". Estou me sentindo naturalmente forte e confiante. Será essa a sensação correta? Se é que tem disso...

Agora entendo bem a vida de um atleta. A quantidade de horas e sacrifício que são necessárias muitas vezes para descarregar em alguns segundos. E no caso dos profissionais, todos têm um único objetivo: o ponto mais alto do pódio. Quem é que se lembra do segundo lugar no esporte? No meu caso, ou dos amadores, entendo que seja diferente, são muitos os objetivos. Dos mais técnicos aos mais emocionais, os objetivos passam por conhecer lugares diferentes de formas diferentes, explorar os limites do próprio corpo, ter mais auto conhecimento mental e do corpo, ter maior contato com a natureza, sofrer para descarregar energia ruim, e por aí vai. Na verdade, nem dá para se considerar isso tudo como objetivo ou meta. Mas sendo claro e direto como toda meta deveria ser, minha meta é cumprir cada uma das 7 etapas do Haute Route dentro do limite de tempo máximo, que considero bastante rigoroso. Porém, já começo a achar que posso ser um pouco mais ousado na minha meta. Vamos ver... Deixa eu começar a pedalar....

A partir dessa semana, meu volume de treinos já começa a cair. Acho que vou sentir um vazio na minha agenda que era mega lotada. Uma correria cronometrada pra poder fazer todas as minhas atividades pessoais e profissionais, pois a sociais já dançaram há algum tempo (confesso que nunca foram o meu forte). Só que não. Acaba sendo um alívio, pois ficar por muito tempo no volume máximo é brabo. A gente nem sente direito que chegou no volume máximo, pois o treino vem num crescente constante, mas sutil. Eu só percebi quando os meus tempos em trechos cronometrados pararam de cair e, em seguida, começaram a subir. Resultado do volume máximo de treino, o corpo fica mais sofrido, mais desgastado.

Tenho acompanhado o Haute Route Dolomites que está rolando nesses dias. Além, da dureza natural do percurso, está muito mais frio do que o esperado, e com muita chuva. Isso eu não queria para mim...

Difícil ser muito conclusivo nesse momento. Sigo na minha etapa final de treinamento. É o polimento final de um longo processo. E todos os dias reviso e repasso meu check list de equipamentos, remédios e alimentação para levar.

Além disso, tomo o maior cuidado para não me machucar de bobeira, no pedal e na vida diária. Para não ficar doente ou sofrer algum imprevisto que desequilibre muito. Mas é curioso como o excesso de cautela atrai situações de risco...

Tomara que dê tudo certo...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A Preparação

Prazer de Pedalar...


A preparação para o Haute Route, pra mim, pode ser dividida em 3 grandes partes que estão totalmente interligadas:
  1. Parte Física - condicionamento muscular e cardio-respiratório, aprimoramento técnico;
  2. Parte Nutricional - o que e quando se alimentar, como e quando se suplementar;
  3. Parte Mental - criar resistência mental, auto-confiança e capacidade de superar limites;
Para o bom desenvolvimento dessas partes foi fundamental a ajuda de profissionais super competentes que vem me ajudando e me orientando nesse processo.

Na parte física, o Raul Furtado, técnico e triatleta profissional de Ironman vem me orientando desde novembro de 2013. Basicamente, recebo um plano de exercícios semanalmente com a programação de exercícios para toda a semana (planilhas). Nessas planilhas estão incluídas, além do ciclismo, natação, corrida (esteira, asfalto ou areia), musculação e exercícios funcionais de fortalecimento dos músculos mais relevantes para o ciclismo. E os treinos de ciclismo, são super específicos determinando os tempos, as zonas de frequência cardíaca, o grau de inclinação, além de exercícios para aprimoramento técnico. Além das planilhas (segue uma como exemplo), temos encontros quinzenais ou semanais para treinos coletivos, onde são as imperfeições são observadas e corrigidas. Mas na realidade não é só isso, ter o Raul como treinador é um luxo. Ele é uma pessoa fantástica, simples, de fala mansa e atencioso, apesar de ser um monstro de atleta. Um exemplo de superações profissionais e pessoais. Rolou uma empatia desde a primeira vez que o conheci. Pois imaginava conhecer um monstro ogro, e o cara era gentil e inteligente. Acho que é a relação perfeita entre o atleta e seu treinador, pelo menos sob a minha ótica.

Na parte física ainda, conto com a ajuda especial de duas fisioterapeutas, a Fernanda Loureiro, que é totalmente responsável pela minha super recuperação da cirurgia no joelho, e a Carol Freitas. É uma dupla perfeita, pois a Fernanda é especialista em pós-cirúrgico e pernas. E a Carol em coluna e RPG. Tenho sessões semanais com a Fernanda e com a Carol quinzenalmente. Além de me desentortar da quantidade enorme de atividades físicas, muitas vezes explorando o meu corpo além do seu limite físico. Elas me orientam passando exercícios de fortalecimento de músculos (fundamentais para o ciclismo) que nem sabia que existiam e alongamentos super específicos de acordo com minhas atividades. Se não tive e não tenho lesões é graças a elas.

Na parte nutricional, a Sara Singer já é uma amiga que vem me orientando desde a aventura do Caminho de Santiago. Só que dessa vez, como tenho um programa rigoroso de treinamento diário, minha dieta do dia-a-dia, virou igualmente um programa rigoroso de alimentação, hidratação e suplementação. Nesse longo programa de treinamento, atualmente, já não me alimento mais. Parece que estou ajustando e aperfeiçoando uma máquina para uma competição, que na verdade é o meu corpo. As vezes até viro um ser anti-social, que não consegue acompanhar os amigos do trabalho para um almoço light. Meus almoços pesam 600g, lotados de carboidratos de baixo índice glicêmico e proteína animal (de preferência carne bovina). Mas a Sara, sempre bem disposta e alegre, me ajuda a tornar essa rotina alimentar mais saborosa e prazerosa. Fora a paciência para minhas mil perguntas sobre nutrição.

Na parte mental, essa não teve muito jeito. Sou eu comigo mesmo. Na verdade, é uma parte que vem sendo treinada ao longo de todo o processo. A programação de treinamento começa mais leve e vem aumentando de volume e intensidade ao longo do tempo. Estou atualmente muito perto do volume e intensidades máximos (10 dias antes da prova, a intensidade cai, "tapering"). E nessa fase, conseguir cumprir todos os exercícios, vencendo o cansaço diário, as longas horas de treinamento solitário, chuvas durante o treino, motoristas mal educados, imprevistos que teimam em acontecer, e tantas outras dificuldades que vão sendo vencidas uma a uma são barreiras psicológicas que vão sendo quebradas. A dor, a fadiga, o frio, o sono, o calor, o medo, a fome, entre outras tantas sensações, são barreiras que se apresentam ao longo do treinamento. E conforme a intensidade dos treinos aumenta, tais sensações aumentam exponencialmente. Transpor essas barreiras e continuar de pé do outro lado, vai te trazendo confiança. Além disso, estudar o percurso, ver depoimentos, ler bastante sobre o assunto, também vai te trazendo confiança. A cada barreira quebrada, cai um limite e se forma um novo. Até ser novamente quebrado.

Obviamente que o processo de treinamento não é só sofrimento, tem muito prazer envolvido, prazer hormonal, prazer social, prazer de estar bem próximo da natureza, prazer da superação, e com certeza...

Prazer de pedalar...