terça-feira, 12 de agosto de 2014

A Preparação

Prazer de Pedalar...


A preparação para o Haute Route, pra mim, pode ser dividida em 3 grandes partes que estão totalmente interligadas:
  1. Parte Física - condicionamento muscular e cardio-respiratório, aprimoramento técnico;
  2. Parte Nutricional - o que e quando se alimentar, como e quando se suplementar;
  3. Parte Mental - criar resistência mental, auto-confiança e capacidade de superar limites;
Para o bom desenvolvimento dessas partes foi fundamental a ajuda de profissionais super competentes que vem me ajudando e me orientando nesse processo.

Na parte física, o Raul Furtado, técnico e triatleta profissional de Ironman vem me orientando desde novembro de 2013. Basicamente, recebo um plano de exercícios semanalmente com a programação de exercícios para toda a semana (planilhas). Nessas planilhas estão incluídas, além do ciclismo, natação, corrida (esteira, asfalto ou areia), musculação e exercícios funcionais de fortalecimento dos músculos mais relevantes para o ciclismo. E os treinos de ciclismo, são super específicos determinando os tempos, as zonas de frequência cardíaca, o grau de inclinação, além de exercícios para aprimoramento técnico. Além das planilhas (segue uma como exemplo), temos encontros quinzenais ou semanais para treinos coletivos, onde são as imperfeições são observadas e corrigidas. Mas na realidade não é só isso, ter o Raul como treinador é um luxo. Ele é uma pessoa fantástica, simples, de fala mansa e atencioso, apesar de ser um monstro de atleta. Um exemplo de superações profissionais e pessoais. Rolou uma empatia desde a primeira vez que o conheci. Pois imaginava conhecer um monstro ogro, e o cara era gentil e inteligente. Acho que é a relação perfeita entre o atleta e seu treinador, pelo menos sob a minha ótica.

Na parte física ainda, conto com a ajuda especial de duas fisioterapeutas, a Fernanda Loureiro, que é totalmente responsável pela minha super recuperação da cirurgia no joelho, e a Carol Freitas. É uma dupla perfeita, pois a Fernanda é especialista em pós-cirúrgico e pernas. E a Carol em coluna e RPG. Tenho sessões semanais com a Fernanda e com a Carol quinzenalmente. Além de me desentortar da quantidade enorme de atividades físicas, muitas vezes explorando o meu corpo além do seu limite físico. Elas me orientam passando exercícios de fortalecimento de músculos (fundamentais para o ciclismo) que nem sabia que existiam e alongamentos super específicos de acordo com minhas atividades. Se não tive e não tenho lesões é graças a elas.

Na parte nutricional, a Sara Singer já é uma amiga que vem me orientando desde a aventura do Caminho de Santiago. Só que dessa vez, como tenho um programa rigoroso de treinamento diário, minha dieta do dia-a-dia, virou igualmente um programa rigoroso de alimentação, hidratação e suplementação. Nesse longo programa de treinamento, atualmente, já não me alimento mais. Parece que estou ajustando e aperfeiçoando uma máquina para uma competição, que na verdade é o meu corpo. As vezes até viro um ser anti-social, que não consegue acompanhar os amigos do trabalho para um almoço light. Meus almoços pesam 600g, lotados de carboidratos de baixo índice glicêmico e proteína animal (de preferência carne bovina). Mas a Sara, sempre bem disposta e alegre, me ajuda a tornar essa rotina alimentar mais saborosa e prazerosa. Fora a paciência para minhas mil perguntas sobre nutrição.

Na parte mental, essa não teve muito jeito. Sou eu comigo mesmo. Na verdade, é uma parte que vem sendo treinada ao longo de todo o processo. A programação de treinamento começa mais leve e vem aumentando de volume e intensidade ao longo do tempo. Estou atualmente muito perto do volume e intensidades máximos (10 dias antes da prova, a intensidade cai, "tapering"). E nessa fase, conseguir cumprir todos os exercícios, vencendo o cansaço diário, as longas horas de treinamento solitário, chuvas durante o treino, motoristas mal educados, imprevistos que teimam em acontecer, e tantas outras dificuldades que vão sendo vencidas uma a uma são barreiras psicológicas que vão sendo quebradas. A dor, a fadiga, o frio, o sono, o calor, o medo, a fome, entre outras tantas sensações, são barreiras que se apresentam ao longo do treinamento. E conforme a intensidade dos treinos aumenta, tais sensações aumentam exponencialmente. Transpor essas barreiras e continuar de pé do outro lado, vai te trazendo confiança. Além disso, estudar o percurso, ver depoimentos, ler bastante sobre o assunto, também vai te trazendo confiança. A cada barreira quebrada, cai um limite e se forma um novo. Até ser novamente quebrado.

Obviamente que o processo de treinamento não é só sofrimento, tem muito prazer envolvido, prazer hormonal, prazer social, prazer de estar bem próximo da natureza, prazer da superação, e com certeza...

Prazer de pedalar...

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