quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Pensamentos e Sensações Pré-Prova


Gretchen na Prainha

Tá chegando a reta final para a largada.

É uma sensação engraçada...

Nunca fiz uma preparação tão longa para uma prova esportiva. Nem tão longa, muito menos tão técnica. Mudei hábitos pessoais, mudei minha alimentação, meu corpo mudou, mudou a minha relação com o meu próprio corpo e até com as outras pessoas. A rotina de treinamentos é dura, mas é impressionante como apresenta resultados. Estou com 44 anos, mas estou no momento mais alto do meu condicionamento físico. Nunca fui gordo, mas perdi cerca de 9kg do meu maior peso, e hoje controlo o peso para não cair de 63kg.

Em menos de 2 semanas estarei colocando em prática toda essa preparação. Todo o sacrifício prazeroso e sofrido também deverá ser mais do que compensado com o início do Haute Route. As vezes o treino parece desproporcional, foram 10 meses, ou 300 dias de treinamento para estar preparado para 7 dias. Foram mais de 7.000 km de pedal para poder pedalar 800km, mais de 70.000m de altimetria para poder subir 20.000m. Obviamente estou ansioso. Mas estranhamente não estou sentindo o peso dessa "responsabilidade". Estou me sentindo naturalmente forte e confiante. Será essa a sensação correta? Se é que tem disso...

Agora entendo bem a vida de um atleta. A quantidade de horas e sacrifício que são necessárias muitas vezes para descarregar em alguns segundos. E no caso dos profissionais, todos têm um único objetivo: o ponto mais alto do pódio. Quem é que se lembra do segundo lugar no esporte? No meu caso, ou dos amadores, entendo que seja diferente, são muitos os objetivos. Dos mais técnicos aos mais emocionais, os objetivos passam por conhecer lugares diferentes de formas diferentes, explorar os limites do próprio corpo, ter mais auto conhecimento mental e do corpo, ter maior contato com a natureza, sofrer para descarregar energia ruim, e por aí vai. Na verdade, nem dá para se considerar isso tudo como objetivo ou meta. Mas sendo claro e direto como toda meta deveria ser, minha meta é cumprir cada uma das 7 etapas do Haute Route dentro do limite de tempo máximo, que considero bastante rigoroso. Porém, já começo a achar que posso ser um pouco mais ousado na minha meta. Vamos ver... Deixa eu começar a pedalar....

A partir dessa semana, meu volume de treinos já começa a cair. Acho que vou sentir um vazio na minha agenda que era mega lotada. Uma correria cronometrada pra poder fazer todas as minhas atividades pessoais e profissionais, pois a sociais já dançaram há algum tempo (confesso que nunca foram o meu forte). Só que não. Acaba sendo um alívio, pois ficar por muito tempo no volume máximo é brabo. A gente nem sente direito que chegou no volume máximo, pois o treino vem num crescente constante, mas sutil. Eu só percebi quando os meus tempos em trechos cronometrados pararam de cair e, em seguida, começaram a subir. Resultado do volume máximo de treino, o corpo fica mais sofrido, mais desgastado.

Tenho acompanhado o Haute Route Dolomites que está rolando nesses dias. Além, da dureza natural do percurso, está muito mais frio do que o esperado, e com muita chuva. Isso eu não queria para mim...

Difícil ser muito conclusivo nesse momento. Sigo na minha etapa final de treinamento. É o polimento final de um longo processo. E todos os dias reviso e repasso meu check list de equipamentos, remédios e alimentação para levar.

Além disso, tomo o maior cuidado para não me machucar de bobeira, no pedal e na vida diária. Para não ficar doente ou sofrer algum imprevisto que desequilibre muito. Mas é curioso como o excesso de cautela atrai situações de risco...

Tomara que dê tudo certo...

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